quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Simbologia do Galo


O galo apareceu no sul da Europa provavelmente por volta dos séculos VI e V a.C. Ao que tudo indica, a incursão cultural asiática, trazida pelas guerras dos persas, incluiu a introdução dessa ave no continente europeu.
Seu andar altivo, a agressividade e o ardor sexual do galo, junto com sua imagem brilhante e colorida e o canto soberbo, geraram uma espessa rede de costumes e tradições.

Na Pérsia, matar um galo era grave pecado, pois era considerado uma ave sagrada, com poderes oraculares. Os reis persas, como é observado por Aristófanes, costumavam pentear seus cabelos de forma a imitar a crista do galo. Por motivo semelhante, os cárias eram chamados de "galos": seus capacetes de guerra lembravam muito a crista dessa ave.

O fato de cantar ao nascer do sol (embora também em outras horas), levou-o a ser irremediavelmente associado a esse astro – o galo é, indubitavelmente, um símbolo solar e emblema da vigilância e da atividade!

O cristianismo também absorveu essa significação. Como os "espíritos" supostamente são mais ativos à noite, o canto do galo era sempre um sinal recebido com alívio pelo homem medieval. Uma tradição persa, que se manteve praticamente a mesma (apesar da cristianização), afirmava que o galo despertava a aurora, convocando a humanidade a saudar a perfeição sagrada e esconjurava espectros e demônios. Essa capacidade "protetora" foi bastante exagerada na Líbia, onde viajantes costumavam levar galos consigo, na crença de que eles os guardariam contra leões e basiliscos. Basilisco, primitivamente, eram monstros místicos aparentados com os dragões; seriam o produto de um ovo de galinha chocado por uma serpente e com o poder de matar com o olhar. Afirmava-se que o basilisco morria em convulsões ao canto do galo.

Com o tempo, materializou-se a crença de que a própria ave tinha poderes de exorcismo e, por isso, tornou-se um símbolo cristão de grande importância, aparecendo em quase todas as torres e zimbórios das igrejas como símbolo da vigilância e da ressurreição. Outro motivo dessa presença é a narrativa evangélica que associa o cocoricar do galo ao episódio de repúdio de Jesus por Pedro; uma releitura medieval tornou o galo um símbolo de advertência contra as vacilações da fé.

Os chineses lhe dedicaram um de seus signos, descrevendo-o da seguinte forma: Eu estou a postos para anunciar a chegada do dia, e para anunciar sua partida. Eu me fortaleço com a pontualidade e a precisão. Todas as coisas serão recolocadas em seu lugar certo. Eu sou o capataz exigente; o administrador sempre vigilante. Eu procuro ordem perfeita em meu mundo. E represento a dedicação inquebrantável. Seu sou o GALO".

Segundo uma lenda grega, Áries encarregara Alektraon de vigiar enquanto ele mantinha seus encontros com Afrodite, aproveitando-se da ausência noturna de Hefaistos (Vulcano), marido da deusa. Deveria avisar aos amantes a proximidade do dia... o que significava a volta dele ao lar. Certa noite, vencido pelo cansaço, Alektraon adormeceu e Hefaistos surpreendeu os adúlteros. Áries, irado e envergonhado, transformou o lacaio em um galo (o nome alektraon significa galo , em grego antigo) e o condenou à eterna vigilância.

Segundo Heliodoro (escritor grego que viveu entre os século III e IV), por seu aspecto solar, o galo era associado ao deus APOLO e, por isso, também a seu amigo ASCLÉPIO, deus da medicina. Uma clara associação entre galo – sol – poderes vitais. Platão narra que, durante sua agonia, Sócrates pede que, por intenção de sua alma, fosse oferecido um galo a Asclépio. Provavelmente o filósofo pretendia, com isso, resgatar alguma promessa anterior e não escapar aos efeitos do envenenamento, que ele sabia ser fatal.

Sacrifício de galos foi uma prática amplamente disseminada e que perdura até hoje em alguns cultos. Na Grécia antiga, era a oferenda prioritária a Asclépio (ou Esculápio entre os romanos), para se obter a cura dos doentes, e Príapo, para garantir a virilidade e a fertilidade masculina e proteger jardins e pomares. Filho de Dionísio/Baco e Afrodite, Príapo tinha um falo descomunal; isso lhe valeu o título de deus da virilidade e protetor das plantações (local da fertilidade); também tinha o poder de desviar mau-olhado das colheitas.
No Extremo Oriente, dizia-se que o sangue de um galo sacrificado à cabeceira de um doente e espargido sobre ele podia operar uma cura instantânea. No Ceilão tanto quanto na Escócia, Alemanha e Irlanda, numerosos ritos de sacrifício, amuletos e preparação de poções mantêm o galo associado à magia curativa.

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